Nos últimos meses, Portugal tem enfrentado uma série de desafios relacionados com a crise energética. Esta situação tem gerado preocupações entre consumidores e empresas, que temem pelo aumento das faturas de eletricidade e a escassez de fornecimento em determinados momentos do ano.
O aumento dos preços da energia é um fenómeno global, agravado pela guerra na Ucrânia, que afetou o fornecimento de gás natural proveniente da Rússia e pressionou os mercados. Em Portugal, a dependência de combustíveis fósseis torna o cenário ainda mais preocupante, dado que cerca de 60% da eletricidade nacional é gerada através de fontes renováveis, mas a restante quota ainda depende de carvão e gás.
Para os consumidores, o resultado tem sido um aumento considerável nos custos com energia, algo que tem repercussões diretas no poder de compra das famílias. De acordo com dados recentes, o preço médio da eletricidade por quilowatt-hora subiu cerca de 10% no último ano, um peso considerável nos orçamentos familiares.
As empresas também não escapam a este aperto. Para a indústria, onde o consumo energético é muitas vezes uma das principais despesas, qualquer aumento nos custos pode traduzir-se num enfraquecimento da competitividade num mercado já de si desafiante. Pequenas e médias empresas, em especial, têm sentido maiores dificuldades em absorver os crescentes custos energéticos.
Face a este cenário, o governo tem procurado soluções que passem por aumentar a capacidade energética do país e fomentar o uso de fontes renováveis. A aposta na energia solar e eólica tem sido reforçada, com projetos de grande escala a serem anunciados em regiões como o Alentejo e o Norte do país. A meta é chegar a uma cobertura 80% de renováveis até 2030.
Outra vertente destas políticas tem passado pela promoção de novas práticas de consumo entre os consumidores. Medidas como a tarifação dinâmica, que incentiva o uso de energia fora das horas de ponta, e o autoconsumo, através de iniciativas para instalação de painéis solares em habitações, são incentivadas.
Porém, críticos argumentam que estas medidas podem não ser suficientes caso surtam atrasos na implementação dos projetos ou caso a volatilidade do mercado energético persista. Além disso, apontam para a necessidade de Portugal explorar alternativas como o hidrogénio verde, que pode ser uma solução sustentável a longo prazo.
Enquanto se procura solucionar o desafio imediato, os especialistas alertam para a importância de preparar o país para uma transição energética justa e que não acarrete custos excessivos para os mais vulneráveis. A proteção do ambiente e a sustentabilidade económica são dois eixos que devem nortear esta transição energética.
Neste sentido, o papel dos cidadãos é crucial. A poupança de energia e a consciência ecológica devem ser enaltecidas para que, individual e coletivamente, possamos mitigar os impactos desta crise e garantir um futuro energético mais sustentável.