A pandemia da Covid-19 provocou repentinas e drásticas mudanças na economia mundial e, consequentemente, no setor de seguros. Segundo relatórios recentes, a indústria de seguros portuguesa tem sido desafiada em várias frentes, tendo de lidar com um aumento da sinistralidade, a queda no volume de vendas e o aperto das margens de lucro.
Em circunstâncias normais, o setor segurador desempenha um papel fundamental na economia, fornecendo proteção financeira às famílias e às empresas, ao mesmo tempo que está no epicentro de vários negócios através da sua função de gestão de riscos. No entanto, a atual crise sanitária exacerba o risco de uma série de cenários adversos para as seguradoras.
Os impactos da pandemia no setor dos seguros manifestam-se em várias dimensões. Em primeiro lugar, o elevado número de sinistros resultantes de problemas de saúde e desemprego teve um impacto direto na sinistralidade das seguradoras, testando as suas reservas e capacidades de pagamento.
Por outro lado, a paralisação forçada de grande parte da atividade económica levou a uma diminuição significativa das vendas de seguros, especialmente nos segmentos de seguros de automóveis e de viagens. Este declínio na procura por seguros resulta numa queda nos prémios arrecadados pelas seguradoras, pressionando as suas margens de lucro.
Além da diminuição da receita, as seguradoras também estão a ser afetadas pela queda nos retornos dos seus investimentos, devido à atual incerteza dos mercados financeiros e à baixa taxa de juros. Esse cenário complica ainda mais a capacidade das seguradoras de gerar lucros e manter a solvência.
No entanto, apesar desses desafios, a indústria seguradora tem demonstrado uma notável resistência. De acordo com a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), o setor tem mostrado um comportamento relativamente estável, apesar do ambiente económico adverso.
Para enfrentar os desafios trazidos pela Covid-19, as seguradoras estão a adotar várias estratégias de mitigação. Entre elas estão a adaptação rápida às novas necessidades dos clientes, a digitalização dos seus serviços e a diversificação do portfólio de produtos. A inovação e a flexibilidade parecem ser as palavras-chave para a sustentabilidade do setor neste período de incerteza.
Não resta dúvida de que a Covid-19 terá um impacto duradouro no setor de seguros. No entanto, se souberem adaptar-se e reinventar-se, as seguradoras poderão transformar esta crise numa oportunidade para criar valor para os seus clientes, empregados e acionistas.