Nos últimos anos, Portugal tem testemunhado um turbilhão de mudanças no seu cenário fiscal, e 2023 não é exceção. As pequenas e médias empresas (PMEs), que representam uma vastidão do panorama económico português, têm sentido mais fortemente o impacto das alterações fiscais, que agora vêm com um novo vigor, na tentativa de equilibrar as contas do país e fomentar o crescimento económico.
Recentemente, o governo anunciou alterações na legislação fiscal que visam simplificar processos e aliviar algumas das cargas fiscais sobre as PMEs. Estas medidas incluem a redução da taxa de IRC e incentivos específicos para empresas que investem em inovação e digitalização. Para muitos empresários, estas mudanças chegam como um alívio necessário, num período em que a sobrevivência e competitividade são mais desafiadoras do que nunca.
Um dos pontos fulcrais desta reforma é a simplificação das obrigações declarativas. O governo procura reduzir a burocracia associada ao cumprimento fiscal, o que permitirá aos pequenos empresários concentrar-se mais na gestão dos seus negócios e menos no labirinto de papelada que tem sido uma constante no ambiente corporativo português.
No entanto, esses benefícios não são isentos de custo. Como contrapartida, as empresas serão obrigadas a adotar práticas de transparência mais rigorosas. Este passo é entendido como uma forma de combater a evasão fiscal, ainda prevalente no país, e de assegurar uma justa contribuição para o desenvolvimento económico sustentável.
Outra questão crítica abordada pela reforma fiscal é o apoio à capacitação das PMEs em digitalização. Os incentivos fiscais direcionados para investimentos em tecnologia têm o potencial de transformar radicalmente operações empresariais arcaicas, tornando-as mais rápidas, eficientes e prontas para competir no mercado global. Isso é de especial importância para os setores mais tradicionais que têm lutado para enfrentar a concorrência de empresas mais modernas e tecnológicas.
As novas medidas também preveem uma revisão das deduções fiscais para I&D (Investigação e Desenvolvimento), encorajando as PMEs a investirem em inovação. Portugal, um país historicamente rico em talento criativo, tem o potencial de se colocar na linha da frente da inovação europeia com o apoio certo.
Contudo, nem todos estão convencidos da eficácia destas reformas. Especialistas em economia avisam que, sem uma execução cuidadosa e transparente, as mudanças podem falhar em alcançar os objetivos pretendidos. Além disso, a capacidade de adaptação das PMEs às novas exigências legais e tecnológicas é uma preocupante incógnita para muitos. A falta de formação adequada e infraestruturas pode representar um entrave à sua real implementação.
Portanto, enquanto o governo faz um esforço considerável para criar um campo económico mais favorável para as PMEs, o sucesso de tais reformas dependerá em grande parte de uma parceria colaborativa entre o estado e as empresas. A comunicação eficaz e a assistência técnica poderão ser os alicerces de uma economia mais robusta e menos dependente de fatores externos voláteis.
A expectativa é alta, e o tempo dirá se estas reformas serão um catalisador de crescimento ou apenas mais um ciclo de promessas não realizadas no complexo mundo da política fiscal de Portugal.